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OS RUINS NÃO SÃO BONS PORQUE OS BONS NÃO SÃO MELHORES

quarta-feira, 8 de junho de 2011

UM OUTRO CRISTIANISMO É POSSÍVEL...

Existem, infelizmente, dois grandes discursos na Igreja nessa atual conjuntura, duas formas distintas de viver a eclesialidade nos dias atuais. O primeiro, mais em voga principalmente na mídia e nas grandes concentrações da fé, traz uma abordagem conservadora e tradicionalista, geralmente imbuída de muito emocionalismo e devocionismo. Jesus Cristo, a partir dessa vertente, é o Senhor dos grandes milagres e dos discursos moralistas, desvinculados da vida real e das condições históricas de seu povo. Nessa perspectiva, surgem quase sempre cristãos infantilizados, despreparados para enfrentar os desafios deste mundo caótico e desprovidos de identidade eclesial. Quando não temos consciência clara de quem é Jesus Cristo e de quem realmente somos, nos tornamos dóceis crianças conduzidas por qualquer vã doutrina ou por qualquer um que se apresente diante de nós. Acabamos nos tornando meros frequentadores de atos litúrgicos, de reuniões e mais reuniões infrutíferas, figuras medrosas e acanhadas na vida real. As fórmulas devocionais desse grupo de "verdadeiros guerreiros da fé" são cópias mal-feitas de um neopentecostalismo alienante e completamente avesso dos ensinamentos claros e "incômodos" da doutrina social da Igreja. Recentemente, um site católico de renome, publicou o seu "index" condenando uma série de leigos, religiosos, sacerdotes e bispos, taxando-lhes de "comunistas e propagadores de uma doutrina anticristã". Até que ponto chega o nosso olhar míope da fé! As vendas da hipocrisia e da ignorância nos impedem de ver a verdade e experimentar o "gostinho" inconfundível da fé cristã. Lutar por uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária, denunciar os desmandos daqueles que oprimem e massacram os mais pobres, conscientizar a população acerca de seus direitos e deveres, unir fé e vida são obrigações dos que se dizem discípulos e missionários de Cristo. Aonde foram parar as Conferências de Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida que tanto enfatizam a opção preferencial pelos pobres? Se isso é coisa de comunista, quero o meu nome incluído nessa relação! A outra vertente de Igreja, presente principalmente nas pequenas comunidades, tenta dar visibilidade aos clamores dos inúmeros excluídos da sociedade. Acusados implacavelmente de envolvimento ideológico com o político e o social ("marxização" da fé cristã), os ditos "comunistas" representam a voz profética do cristianismo há muito esquecida, mas nunca silenciada. A Teologia da Libertação, tão atacada e vilipendiada pelas autocracias eclesiásticas, continua a motivar, embalar as grandes lutas, inspirar os corajosos profetas da contemporaneidade que ainda acreditam em um outro cristianismo. Na maneira simples de celebrar e partir o pão, vemos claramente o espaço fraterno aonde as minorias celebram o grande festim do Reino de Deus, já presente aqui e agora. Duas faces de uma mesma Igreja! Opostas ou unidas na diversidade? Martin Luther King, em um de seus memoráveis discursos, disse certa vez: "Precisamos nos unir como irmãos ou pereceremos como loucos". O caminho que nos é proposto é resgatar o verdadeiro projeto de Jesus Cristo, para que ele não se torne uma figura proeminente do passado sem implicações concretas na vida atual. Qual a imagem de Jesus Cristo que devemos apresentar ao povo cristão em catequese, ensino religioso e homilia? Qual a importância de um determinado referencial cristológico para o (não-) engajamento social e político de cristãos e cristãs?
César Augusto Rocha
Coordenador do Conselho Diocesano de Leigos/as – Diocese de Tianguá/CE

4 comentários:

  1. Gostei muito do artigo, mas sinceramente não acho que a igreja católica seja a principal referencia do cristianismo no Brasil e em lugar nenhum. O próprio Jesus foi um dissidente de sua religião e provavelmente sofreu insultos piores do que a igreja hoje impõe aos seus fiéis COMUNISTAS. A nossa sorte e que hoje a igreja não consegue por mais ninguém na cruz. (pelo menos não literalmente)

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  2. Depende do que entendemos por crucificar nos dias de hoje!

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  3. Só podia ser desse pessoal cheio de deus, com excesso de deus, já estão salvos. NÃO PÕE OS PÉS no chão, levitam.NÃO tem liturgia mas liturgismo. Não percebem a cruz social,um povo sem nome diante do espetáculo da violência,sem direito, justiça,só lembrando nossas lideranças sendo mortas e marcadas para morrer. Não e de Brasilia ou dessa Igreja alienada que vem a mudança,mas do chão, da base com muita luta, solidariedade, a busca de uma nova evagelização, mudança não é feita com espetáculo. Mais pegar a cruz e fazer a Pastoral do processo até a ressurreição. Os nossos profetas da Teologia da Libertação nos apontaram o caminho, e nossos Mártires da caminhada reforçaram que é possível, que o Reino tem que ser construido no aquí e agora, Jesus Teve compaixão daquele povo que eram ovelhas sem pastor,o que ele fez foi opção preferêncial pelos pobres.Foi executado pelos poderes econômico, político e religioso. Não mudou muito !

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  4. Penso que o grande problema da fé é que ela virou negócio, (e dos bons) a igreja católica já não tem mais o monopólio do cristianismo, mas por ser mais velha tem que ser exemplo e não seguidora das atuais tendências.(Seu Rene pode comentar duas vezes??? só pra por lenha na fogueira.)

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