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OS RUINS NÃO SÃO BONS PORQUE OS BONS NÃO SÃO MELHORES

quarta-feira, 15 de junho de 2011

SINTOMAS DE UMA MORAL CORROMPIDA

Desde a metade do segundo milênio - a humanidade - fortemente alavancada pela descoberta da tecnologia, vem vivendo ao que se chama de era da prestação de serviço. Os instrumentais criados oferecem aos incluídos no mercado rapidez e conforto bem acima do necessário. No bojo do desenvolvimento o processo chamado de terceirização ganha cada vez mais corpo. Servir para ganhar vai colocando cada vez mais em perigo valores morais alicerçados no amor ao próximo, na solidariedade, na colaboração, na caridade, na gratuidade. Terceirizam-se praticamente tudo, até afeto e fé. Interesses egóicos, rasteiros, mediatos e passageiros colocam a convivência humana num território movediço com resultados imprevisíveis. Como diz Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa em Grande sertão – Veredas, viver é perigoso. Gestos e atitudes construídos ao longo da história vão sendo transformados em moeda de troca e perdendo valor a cada dia. Termos antes restritos à esfera do mundo dos negócios estão sendo vulgarmente usados a partir da educação familiar, passando pela religiosa, moldurando discursos melosos e vazios, recheados com palavras de dúbio sentido. Liberdade, libertação, democracia, livre arbítrio, fé, ou frases como meu querido, meu amor, meu bem, dentre outras, ganharam tons mercadológicos, quer em nível dos negócios, de prestigio, religioso ou de opinião pública. Erich Fromm afirma em “Análise do Homem” que somos um rebanho que acredita que o caminho que estamos seguindo deve ir dar em algum lugar já que todos o seguem. Para ele senso comum deveria na verdade chamar-se de insensatez comum, face os enormes estragos que provocam na cultura. Essa postura mecanicista desprovida de compromisso e carregada de interesses contribui para que o sonho de um mundo justo, igualitário e fraterno transforme-se em utopia. O favor, a solidariedade, a ajuda, a compaixão ao invés de contribuírem para que a convivência do homem/mulher seja cada vez mais fraterna, servem para aumentar a distância entre os ricos e a legião de miseráveis de que tudo necessitam. “O que ganho com isso” ou “quanto lhe devo” retrata bem essa doença de uma sociedade extremamente individualista, que vai aos trancos e barrancos incorporando hábitos que destroem valores construídos ao longo da história da humanidade. E o que se tem visto e feito para inverter essa lógica esta longe da solução. Ao invés de condutas éticas o que se vê são “esquemas” que revelam o rosto do “jeitinho” brasileiro de resolver as coisas. Difícil não encontrar setor que não existe a prática de um “esquema”. Para provocar um debate pergunto: você dá ou pede “caixinha”? Por quê?

Renê Roldan
Gestor de encrencas

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