Em um parque da cidade de São Paulo, uma família comemora, junto com amigos, o aniversário de um dos seus mais queridos membros. À medida que o tempo passa novos convidados juntam-se ao grupo, tornando a festa ainda mais prazerosa. Uma das famílias convidadas chega finalmente à festa. Não sem dificuldades, não sem atropelos, não sem barreiras. E por quê? Na medida em que os integrantes da família se aproximam do local é possível entender o porquê: um dos seus membros é uma pessoa com necessidade especial, no caso, cadeirante. Após ter que superar os inúmeros obstáculos para chegar até o ponto de encontro marcado dentro do parque para a festa, tudo se torna alegria e prazer. Comida, bebida, amigos por toda volta, brincadeiras, conversas, fotografias, ajudaram a mascarar o martírio que foi para até lá chegar. Mas, ficou uma marca. Ficou uma lembrança que se tornará freqüente nos muitos dias que se seguirão ao dia da festa do amigo. Ficou o preconceito, ficou a segregação, ficou a exclusão, como feridas profundas cujas cicatrizes são difíceis de sair. Muito se tem falado e escrito a respeito da chamada “inclusão social”, e até mesmo leis, normas e políticas têm sido criadas, visando proteger, amparar, enfim, visando incluir os portadores de algum tipo de necessidade especial à vida normal em uma grande cidade como São Paulo. Temas como “inclusão social”, inclusão digital ou infoinclusão, inclusão produtiva, etc., tornaram-se objeto de estudo, discussões, discursos falácias e plataformas eleitoreiras. A infraestrutura de nossa querida cidade no que tange a equipamentos e quesitos para acolher esses cidadãos é por vezes vergonhosa, para não dizer outra coisa. A lista é interminável que nem cabe aqui enumerá-las. Por conta desse descaso aquele que poderia ser o prenúncio de um dia agradável acabou sendo frustrante e carregado de dificuldades e constrangimentos traumáticos. O local público era um dos parques municipais de nossa cidade, o do Piqueri, no bairro do Tatuapé. Refúgio de muitos cidadãos que buscam momentos de lazer, repouso, descanso, descontração, junto com a família e amigos. A maioria das pessoas, se consultada, certamente deverão ter a mesma impressão do local, ou seja, mau ou pessimamente arquitetado, principalmente, para acolher seres humanos com necessidades especiais, o que é deveras lamentável. Basta uma ida ao local para constatar o que ora denunciamos. Ousamos até arriscar em dizer que sequer vós gestores de plantão conhecem o itinerário para se chegar àquele local. Mas, se eventualmente lá forem os desafiamos a nos convidar para juntos constatar essa vergonhosa falha, e se tiverem coragem nos avise que iremos juntos. Queremos crer que esse grito que ora lançamos não seja simplesmente mais um que se somaram aos tantos que certamente já foram dados, mas uma alavanca que impulsione definitivamente às autoridades públicas de nosso país e porque não do mundo sobre esse escândalo que clama aos céus e que ofende a Deus.
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